Foi claro para todos a humilhação que Mário Lino enquanto Ministro foi obrigado a passar. Primeiro ao anunciar uma localização, depois ao ser obrigado a encomendar um estudo que segundo o próprio seria uma formalidade, e finalmente a aceitar que estava completamente errado, e como menino da escola primária, a ficar sentadinho a olhar para o chão, enquanto o Primeiro Ministro José Sócrates resolvia as trapalhadas e anunciava a solução corrigida.
Mário Lino sobreviveu à remodelação governamental. Foi esse o erro de Sócrates, teve piedade do seu Ministro e manteve-o dentro do Governo. Estes erros pagam-se caro, ora vejam só a vingança:
Mário Lino deu instruções ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil para avaliar opções ao corredor Chelas-Barreiro.
«Relativamente à 3ª travessia do Tejo, que há muito está pensada entre Barreiro e Chelas, será rodo e ferroviária», tinha anunciado Sócrates poucos dias antes.
A vingança serve-se fria, diz o ditado, mas Lino nem esperou muito para retribuir a ensaboadela com que foi presenteado.
No meio desta trapalhada toda a Secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino já tinha anunciado as verbas exactas envolvidas na construção da nova ponte, e ter afastado por completo a alternativa apresentada pela CIP, e já tinha inclusivamente anunciado os novos tempos de viagem entre Setúbal e Lisboa, assim como a remodelação dos percursos do Metro Sul do Tejo.
A única dúvida que resta é portanto quem é que vai anunciar o fim de nova monumental trapalhada, e se os autarcas do Barreiro serão compensados como os do Oeste. É que entre estudos, contra-estudos, alterações de projectos e compensações o dinheiro dos contribuintes vai voando.
Aproveito para repetir o que escrevi aqui este Blog no dia 11 de Janeiro:
Agora passa a ser cada vez mais aconselhável ignorar o discurso do Governo por completo, e aguardar uns dias até que alguém se voluntarie para os corrigir, para que os disparates sejam evitados. Mais vale dar um tempinho já que o mais certo é que as decisões iniciais sejam o primeiro pensamento que lhes ocorreu, e o melhor mesmo estar atento a ver quem aponta os erros, pois daí sairá a decisão vinculativa.
Se dúvidas restassem, estão esclarecidas. Está provado que não se aprende com os erros, mas que se torna a repeti-los com insistência e prepotência. Vale contudo a pena ressalvar que eventualmente as melhores soluções poderão eventualmente vir a ser escolhidas, ao se recorrer a relatórios técnicos. Para este foi dado um prazo de 45 dias, no anterior o Ministro confessou saber as conclusões 30 dias antes do relatório estar concluído... Valerá a pena dizer mais?