Tal como muitos, tenho seguido as previsões de um senhor que tem por nome Nouriel Roubini. Em particular porque foi um dos primeiros a prever a actual crise, primeiro financeira, depois económica. Fiquei atónito com duas declarações do mesmo, separadas por pouco mais de um mês.
Em Julho, este que é conhecido por “profeta da desgraça” previa exactamente o fim da desgraça, previa que a crise vai terminar no fim de 2009. Não obstante, em Agosto veio dizer que pequena retoma pode levar a nova recessão. Pensei eu “muito obrigado, assim qualquer um pode ser economista, para os jornais desportivos a prever contratações”.
O busílis da questão parece estar nos incentivos económicos. É que as previsões de Julho baseavam-se na melhoria da economia face aos estímulos que os Governos injectaram na economia, mas as de Agosto reflectem a preocupação com o que pode suceder se os incentivos não se mantiverem. Mais que a questão não é apenas de “vontade”, mas de que os “cofres” estão cada vez mais vazios, e os Governos não podem ad eternum continuar a injectar capital.
Estas observações nada têm a ver com o calendário eleitoral em Portugal obviamente. Não deixa de ser curioso que a Auto Europa suspendeu o Lay-Off deste mês, mas a própria comissão de trabalhadores se mostrou preocupado com a possibilidade de a retoma as vendas ser fruto dos estímulos “artificiais” e novas quebras se poderem verificar. Alguém anda a seguir as previsões do senhor Roubini…
Dos políticos, já se sabe, quando as fábricas fecham a culpa não é deles, é da conjuntura internacional, mas quando as coisas melhoram aí já é fruto do suor do seu trabalho. (Ou vice-versa para os que estão na oposição). Mas há dados objectivos para quem quiser consultar, basta procurar a evolução do PIB per capita na zona Euro, ou na Europa dos 25 (Eurostat), ou os Rankings da OCDE. É que se a crise e conjunturas são globais e afectam, o desempenho de cada um afere-se nas classificações relativas e não absolutas.