Não, não começo logo com um erro de grafia este texto. O que educação precisa não é de um conserto no sentido de precisar de ser arranjada, mas sim de alguém que a saiba dirigir, como um Maestro dirige um concerto.

Isto vem a propósito do anúncio de mais 30 milhões de euros investidos em melhorar as escolas.

Um concerto não é para o maestro, nem para os músicos, nem para o público, unicamente. É o concertar de todos os interesses e performances que tornam um concerto magnífico, e que o podem melhorar.

Quando se está perante um mau concerto, o que se pode melhorar?

- Melhorar as condições da sala do concerto. (certamente permite ao público ouvir melhor, em mais conforto)

- Adequar a peça escolhida aos interesses do público. (oferecer algo de novo e que acrescente valor, sendo interessante)

- Melhorar os músicos (com mais formação ou incentivo)

- Trocar o Maestro (quando o Maestro não consegue por os músicos a tocar, quando o Maestro não sabe interpretar a peça de música, ou quando simplesmente não se interessa pelo público)

Eu não diria que é preciso reparar a educação. O sistema educativo português é comparável aos melhores da Europa. Os alunos que vão em Erasmus geralmente têm sucesso. Há que comparar e melhorar o sistema, mas não é verdade que preciso ser reparado.

Outra coisa é perguntar se a qualidade dos concertos tem vindo a melhorar ou a piorar. A métrica de avaliar a qualidade do concerto é complicada. A opinião dos músicos não será sempre coincidente com a do público. E por vezes também é preciso adaptar a peça a ser tocada aos interesses do público. Não basta perguntar a uma das partes.

Contudo investir apenas na qualidade da sala, por modo a que o público não a abandone não chega. Certamente é positivo que o público não abandone a sala, e que a sala seja mais confortável (cantinas, ginásios, computadores com ligação internet, etc). Mas não retirando mérito a essas medidas, serão as mais adequadas?

Tenho a certeza que estão a acompanhar a analogia, e já perceberam também que o problema reside na motivação dos músicos. É que o modo como o Maestro trata os músicos, por mais brio e profissionalismo que estes tenham vai ter influência no espetáculo. No caso parece mesmo que o Maestro e os músicos estão de costas voltadas. Será que melhorar os assentos da sala resolve a questão?

A mim parece-me que é preciso usar de muito mais tacto para orquestrar uma solução de qualidade, e para melhorar efectivamente o sistema educativo. É preciso escolher bem a peça a tocar (especialmente os programas educativos, cursos técnico-profissionais, novas oportunidades, e ajustar os conteúdos programáticos), dar condições de conforto ao público (muito tem sido feito, de cantinas a computores pessoais), mas dirigir e motivar os músicos (Insultar, retirar regalias, e depois dar um prémio ao melhor não me parecem medidas adequadas).

Será caso para mudar o Maestro? Bastará chamar a atenção do mesmo? O certo é que claramento é preciso mudar algo no rumo seguido de modo a que os concertos futuros possam ir melhorando.

Adenda: Na Educação, e nas salas de aula, tal como nos concertos e nas salas se concertos, nada de telemóveis, para não prejudicar os restantes interessados.

Posted by Carlos Manta Oliveira on sexta-feira, abril 11, 2008