Há coisas que ficam para lá da minha compreensão. Que os profissionais de saúde tenham prioridade, isso é evidente. É preciso alguém para tratar quem vier a adoecer. Que alguns profissionais de outras áreas sejam escolhidos, também compreendo. Vai ser preciso água, luz (electricidade) telefones, condutores de comboios ou transportes públicos.

Mas titulares de cargos públicos? A que propósito? O absentismo parlamentar é algo de vergonhoso. 1500 faltas em 109 sessões significa uma média de 140 faltas por sessão, num universo de 230 deputados. Que efeito teria a gripe A? Se mais de 50% dos deputados em média falta, que diferença faria faltaram mais dez ou vinte?

Para além do mais, há quanto tempo estamos em eleições? Lembro que o novo Governo só toma posse amanhã, e hoje faz 4 semanas que se realizaram as últimas eleições, as autárquicas. Das legislativas já passam 6 semanas, e que catástrofe sofreu o país com tanto tempo sem governantes empossados? Para não estar a questionar sobre se no intervalo entre as europeias e as legislativas, com as férias pelo meio, se realmente houve “trabalhos” dos titulares de cargos públicos. Que impacto teria efectivamente uma gripe nestes casos? Por períodos bem superiores ao que demora a debelar uma gripe (7 dias) tivémos um Ministro a assegurar duas importantes pastas, sem que nada de gravoso daí viesse.

Como se justifica então a prioridade no acesso às vacinas para os titulares de cargos públicos? Que eu veja a única justificação é de que são eles mesmos quem atribui as prioridades. E ainda por cima recusam as vacinas. Haja decoro… Colapso do funcionamento da sociedade, dizem uns… É neste casos que se mede o carácter. Veja-se o que diz o célebre Barack Obama:

"We want to get vaccinated. We think it's the right thing to do. We will stand in line like everybody else and when folks say it's our turn, that's when we'll get it,''

Posted by Carlos Manta Oliveira on domingo, outubro 25, 2009
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