Sem palavras:
Via PROFAVALIAÇÃO
Este anúncio fez-me lembrar o que me contaram na sexta-feira passada sobre o Magalhães. Por motivos familiares acabo por conviver muito tempo com pessoas ligadas ao ensino (leia-se professoras). Confesso que ando curioso com o Magalhães e o seu impacto, feliz pela iniciativa e pelo conceito, mas desiludido com implementação, quer pelas características e preço, já que nem o processador Atom implementa, como fazem os concorrentes, quer pela propaganda ridícula.
Como se não bastasse a poeira que se manda para os olhos a nível nacional, com o "primeiro computador português", que afinal é mais um a sair das linhas da JP Sá Couto que há anos põe os Tsunami no mercado, agora passou a ser o "primeiro computador ibero-americano". Tudo bem que McCain decidiu vender facas no seu tempo de antena ironizando com o facto de Obama ganharmais dinheiro com a imagem que ele, mas fazer TeleShopping Melga-Mike em conferências Ibero-Americanas, "se comprar já oferecemos-lhe um pin grátis" acho exagerado. Uma coisa é oferecer GPS NDrive em visitas de Estado, como fez Cavaco Silva quando veio o Rei de Espanha, subtilmente, outra é andar a vender a banha da cobra descaradamente.
Bem, mas voltando ao ensino. Queria eu saber se já tinham ou não começado a usar o Magalhães nas escolas, e o que tinha mudado, e recebi um montado enorme de queixas. Resistência à mudança, velhos do Restelo, pensei eu. Mas realmente é extraordinário, as queixas não tinham a ver nem com a utilização do novo meio, nem com a criação de conteúdos como eu pensava. Pelo contrário, o que mais há é fichas em .doc e .pdf, até estavam contentíssimas com a ideia do trabalho poupado em imprimi-las. O problema é a burocracia. São tarefas dos professores as seguintes:
- entregar códigos aos alunos para pedirem o Magalhães
- receber os pedidos e confirmar se estão correctos
- verificar os comprovativos de acção social para determinar o preço aplicável
- fazer a encomenda de toda a turma, depois das confirmações, com o número de contribuinte do professor
- receber os Magalhães
- pedir e verificar os comprovativos de pagamento multibanco, e verificar se estão conforme os escalões correctos
- entregar os Magalhães aos alunos
Obviamente que Magalhães ainda nem vê-los, com tanta papelada. E a sala de aula passa a ser na realidade um franchising da JP Sá Couto, tal e qual as lojas da TMN ou da Vodafone nos Shopping. Qual será o próximo passo? Tele-vendas nas horas não-lectivas? Será que a percentagem de unidades vendidas vai contar para a avaliação?
(Para que não me acusem de criticar sem oferecer alternativas, obviamente que o processo logístico da distribuição dos Magalhães deveria estar a cargo de quem os produz. Ao Ministério bastaria gerar um código por aluno, e informar a JP Sá Couto do preço aplicável associado a cada código conforme o escalão)
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