Lá diz o povo, "mais depressa se apanha um mentiroso do que um côxo."
Ainda hoje, e cada vez mais me admiro com a acuidade da sabedoria popular.
Isto a propósito de uma entrevista do Primeiro Ministro a uma televisão privada, em que teve o desplante de afirmar o seguinte: "ninguém tinha consciência da dimensão da crise".
Referia-se ao facto de o Orçamento de Estado para 2009 (o tal da Pen que não funcionava), aprovado na Assembleia da República em 28 de Novembro, ter sido já duas vezes alterado, com dois anúncios de pacotes de medidas rectificativas. O primeiro dos quais levou o Presidente da República a pedir explicações ao Governo antes de o promulgar, a 30 de Dezembro.
Como todos se recordam, a oposição votou toda contra o Orçamento, sendo unânime ao classificar as previsões e cenários de crescimento de 0,8% do PIB como irrealistas e sonhadoras, dada a conhecida conjunctura.
Mesmo a OCDE publicou estimativas de crescimento negativo do PIB (recessão) de 0,2%, ainda antes do Orçamento de Estado ser votado. A todos Sócrates apelidou de pessimistas, e de desconhecerem a realidade de Portugal, e fez aprovar o Orçamento proposto pelo Governo.
Curiosamente as novas estimativas do Governo prevêm que o défice possa atingir os 3%, e antecipa o crescimento do desemprego, exactamente o mesmo que a OCDE previa em Novembro.
Uma coisa é certa, as previsões do Governo nunca batem certas nem com as da OCDE, nem com as da UE, nem com as do FMI. A não ser depois das correcções, claro está, em que as previsões "pessimistas" são afinal as que se confirmam.
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