Ouvi as declarações do governador do Banco de Portugal na rádio. Fiquei surpreendido e fui procurar conhecer em detalhe as mesmas. Estão disponíveis no site do Banco de Portugal. Recomendo vivamente a leitura das cinco páginas.
Permitam-me que seleccione os pontos que achei fundamentais, das recomendações que VC faz, após constatar o estado dramático da Economia (afinal não vai ser crescimento zero, nem estagnação, vai ser mesmo recessão e de –3,5%):
[…] princípios gerais a que deveriam obedecer os programas orçamentais:
«‐ Concentrarem‐se em despesas de investimento de imediata realização e rápido acabamento para não implicarem grandes despesas futuras. […]
‐ […] melhorias temporárias das condições e duração dos subsídios de desemprego)
‐ Evitarem descidas gerais de taxas de impostos que se tornam difíceis de reverter no futuro […]
‐ […] evitarem apoios discricionários a sectores inteiros de actividade.
‐ Preverem desde já a eliminação futura de algumas das medidas agora adoptadas […].»
Curiosamente todas as medidas propostas por VC vão contra o rumo que tem vindo a ser tomado pelo Governo, nomeadamente a promoção de investimentos de longo prazo que implicam despesas futuras (lançamento de concursos), descida de impostos, e apoios anunciados a sectores de actividade. O último ponto então parece-me claríssimo, e uma forma de dizer “não continuem mais assim”. Estará VC a adoptar uma postura de confrontação das medidas do Governo. Há alguma coerência, já que VC sublinha a necessidade de manter o défice controlado, e todas as medidas que critica fazem exactamente o oposto. ´
Será caso para dizer “E esta, hem?”, ou será que em ano de eleições as regras e o bom senso não precisam mais de ser respeitados?
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