A Massa Crítica é um movimento mundial que promove o uso de transportes individuais não poluentes, em especial a bicicleta. No Porto (Portugal) a face visível deste movimento é a Bicicletada, um passeio de bicicleta que tem lugar uma vez por mês, na última sexta-feira de cada mÊs, com início na Praça dos Leões.
Justamente no Porto teve lugar há poucos dias a segunda edição do Porto Bike Tour. Um enorme sucesso, com mais de oito mil participantes, que no final tiveram direito a fica com a bicicleta, o capacete, e mais equipamento fornecido pela organização (a participação tem um custo de inscrição de cerca de 50€).
É óbvio que a realização deste tipo de eventos provoca perturbações no trânsito automóvel. O que representa uma inversão total de pardigma, pois hoje é o trânsito automóvel que cria muitas dificuldades ao uso da bicicleta.
Reparem só no que aconteceu em Nova Iorque, em que um polícia decidiu atacar a despropósito e aleatoriamente um participante de uma actividade da Critical Mass. As imagens mostram uma violência excessiva e desmedida, difícil mesmo de entender. O ciclista participante esteve preso durante 26 horas por agressão a um agente da autoridade e resistência a ordem de prisão. Bem, vejam as imagens e julguem por vocês. O ciclista é derrubado, com uma placagem típica do futebol americano e estatela-se no chão.
No fim, o polícia foi castigado e destituído do seu crachá e de porte de arma de fogo (!). Já sei o que muitos de vocês vão dizer. Que isto só pode acontecer nos Estados Unidos da América, que é uma sociedade muito violenta, que têm os combustíveis demasiado baratos e que por isso constroem a sociedade alicerçada unicamente no transporte individual e ainda por cima com os veículos mais poluentes e menos eficientes.
Pois bem, não sei se será bem assim. Se calhar está na altura para olhar para o nosso umbigo. É que estas iniciativas também não estão a ter apoio em Portugal. Pelo contrário, as manifestações mais frequentes, excepto as dos participantes, até são de desagrado. E vão desde classificar estes eventos de "puro vandalismo" ao ponto afirmar que os ciclistas devem ir para o campo e não têm lugar nas cidades. E não se trata de polícias brutos e sem formação, falamos também de arquitectos e planeadores do espaço público. Parece que a depência do automóvel turva o esclarecimento da mente. Felizmente parece haver uma nova geração (arquitectos incluídos) que traz uma lufada de ar fresco disposta a provar o contrário, e a mostrar que a bicleta não é só um veículo de passeio e lazer, mas também um meio de transporte e de trabalho.
Já aqui ao lado, em Lisboa, o cenário não é totalmente diferente, mas parecem estar a nascer os primeiros frutos da cidade das sete colinas:
Os primeiros 100 dias já lá vão, assim como muitos quilómetros, mas verifiquem como um Engenheiro Civil faz da bicicleta o seu meio de transporte em Lisboa em 100 dias de Bicicleta em Lisboa. Em particular, reparem por exemplo neste post "Da cota 05m à cota 60m, 10.4km no total". Imaginem agora se houvesse ciclovias e articulação com os transportes públicos, como noutras capitais e cidades europeias.
E vocês, já experimentaram ir para o trabalho de bicicleta? Que dificuldades encontraram, ou o que teria que mudar para vos convencer? Tenho um amigo que vai todos os dias de Ermezinde para Famalicão (com a bicicleta dentro do comboi, claro está), não se esqueçam que a bicicleta se articula e complementa com os transportes públicos, e há sempre as foldable bikes (à venda no Biclas).
Andar de bicicleta em Lisboa está a tornar-se cada mais vez mais frequente. Cada vez mais pessoas se aventuram na cidade. Muitas não o fazem pois não se sentem confiantes. A Cenas a Pedal lançou recentemente cursos de condução de bicicleta, indicados para quem não sabe andar ou para quem sabe mas deseja melhorar as suas competências. Recomendo. http://www.cenasapedal.com