Depois de mais um episódio de gaffes ou expressões menos felizes, como preferirem, fico com a minha convicção reforçada. Dos dois líderes dos principais mais votados partidos nacionais, um faria fortuna vendendo pentes a carecas, enquanto que o outro mesmo a vender água no deserto passaria por dificuldades.
Só tenho mesmo pena é que se centre a discussão em pormenores ou artifícios de linguagem, e não se discuta medidas ou propostas em concreto. A linguagem tem a sua importância, mas estamos aqui a discutir metáforas, e sim, dizer uma coisa num dia e outra no outro é grave, mas estamos a pegar em metáforas fora do contexto e sem interesse, passo a explicar:
O que eu queria saber é o que cada um dos candidatos pensa sobre o RMI, se acham que está ou não a ser bem aplicado. Se deveria ser alargado ou extinto. Se o pagamento especial por conta é para continuar ou para acabar. Se as taxas moderadoras na saúde devem ou não ser proporcionais à declaração de IRS, ou se devem ser eliminadas. Se o Ensino Superior deve ser financiado pelo Estado ou pelas propinas.
O que eu queria era que discutissem medidas concretas e não pormenores de retórica, de linguagem.
Num contexto de crise económica entendo que um queira vincar que quer uma rotura com o rumo actual, mas se a discussão entrar no campo das expressões e afirmações marcantes, isso é ir enfrentar o leão dentro da sua toca. Tinha muita pena se fosse nesse ringue que decidisse o rumo da próxima legislatura.
Discutam antes se o TGV deve ou não parar em Rio Maior, se a produção de leite nacional justifica obstáculos à importação, se o Estado deve controlar directamente ou indirectamente meios de comunicação privados, se o ensino obrigatório deve ir até aos 18 ou 16 anos, a aposta nos genéricos, o encerramento dos centros de saúde e aposta em meios do INEM, como responder à violência nos bairros sociais, são essas as questões que para mim importam ou deviam importar aos portugueses.
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